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quinta-feira, 4 de junho de 2015

Estar sozinha

Penso, como sempre, que as pessoas vivem por consequência de suas escolhas. Minhas escolhas pessoais não foram produtivas em algumas partes da minha vida. Sei que não devemos nos arrepender de nada que fizemos e nem de nada que não fizemos. Porque o que fizemos faz parte da nossa vida e nos ensinou a crescer e o que não fizemos também nos ajudou a crescer e algumas coisas ainda podem ser feitas, porém outras não. E essas outras não, são as que mais me machucam ainda. Eu na minha vida toda, estive sentimentalmente sozinha. Fui e ainda sou uma pessoa que é sozinha, se sente sozinha e leva a solidão como uma companheira inseparável. Isso no começo foram escolhas pelo medo, medos que são tão íntimos e assustadores que eu prefiro não discutir, mas depois essa solidão acabou sendo algo normal e frequente e virou rotina. Eu simplesmente evitava as pessoas por simplesmente sentir necessidade de estar só, por sentir que não saberia corresponder adequadamente e que a solidão era a saída mais fácil. Até um tempo foi uma escolha, mas aí veio o amor, a paixão, uma coisa forte que conseguiu empurrar a solidão e vence-la, porém só foi uma ilusão. Foi uma mágoa tão grande, uma tristeza tão grande que passei, que fez com que a solidão voltasse mais forte e com mais fé. Me dominou de uma forma, que o convívio com as pessoas começa a me irritar depois de um tempo. É triste. Hoje eu procuro alguém, mas sinto que minha alma está tão machucada, ferida e triste e acaba refletindo em meu exterior e afasta todas as pessoas de mim, sem eu nem me esforçar. Sou como um imã ao contrário, que em vez que atrair, acaba impelindo para longe. Nem sei mais o que dizer, fazer, chorar, pensar, agir. É como se eu vivesse em uma esfera de vidro, no qual só eu enxergo as pessoas que passam e elas não conseguem me ver através da esfera. Isso me assusta, me assusta porque no fundo, não quero ser aquela pessoa sozinha e fingir independência e poder. Quero poder ter a chance de escolher namorar, casar, ter filhos ou não. Quero ser escolhida por alguém que me faça bem, que me entenda, que ria comigo  e não de mim. Só queria um abraço. Já me falaram que feliz sou eu por ser sozinha, que eu fiz a escolha certa, que eu não devo me envolver, que eu sou ótima sendo sozinha pois faço isso muito bem. Mas enganam-se essas pessoas que pensam que eu sou feliz assim. Como dizem: o ser humano não nasceu pra ser sozinho. 

Desabafos de uma alma e um coração triste

Eu sou uma pessoa estranha, socialmente estranha. Não consigo ser simpática com todos, não consigo achar graça na maioria das coisas que as pessoas acham. Me irrito facilmente. Sinto a necessidade de estar sozinha na maior parte do tempo. Acordo e a primeira coisa que me vem na mente é se a minha alma está feliz hoje. Se hoje eu vou ser capaz de sorrir mais e de não me irritar ou me incomodar com coisas bobas e com as pessoas. Acordo preocupada se estarei feliz ou não. Tudo isso é tão triste, no fim acabo me sentindo triste, sozinha e estranha. As pessoas não conseguem ter paciência com o meu jeito, com a minha seriedade. Na maior parte do tempo não consigo ter uma conversa relaxada, interessante e divertida com as pessoas. Eu sempre sou a chata da turma, a séria, a na dela. Eu não gosto dessas característica, não gosto de me sentir assim. Não tenho uma bagagem cultural que me permita bater uma papo legal com alguém. Não conheço a maioria das coisas que as pessoas que me rodeiam conhecem. Não consigo discutir política, religião, gastronomia, música, porque não tenho habilidade pra debater e defender meu ponto de vista. Isso me afasta das pessoas e do convívio social. Só de pensar me sinto sozinha e com medo. Medo da vida, medo da solidão. A solidão é a que mais me domina. Estou bem rindo e de repente eu vejo ao meu redor as pessoas falando de seus companheiros, de suas namoradas, da vida que estão construindo e o que eu tenho a dizer? Nada, sempre nada. Nada pra construir, nada em vista, ninguém que pelo menos se importe comigo e que me mande todos os dias um oi. O futuro é incerto, eu sei, mas saber que eu estarei desempregada e morando com a minha mãe e com medo de estar sozinha é tão triste e desanimador. É como se a vida gritasse que eu não mereço, é como se esfregassem na minha cara isso. Eu não mereço a felicidade. Eu não sou a moça elogiada, eu não sou a moça que um rapaz olha e diga que bonita, que encantadora. Não, não me sinto assim. Me sinto só, e não me sinto bem. Só de amigos, só de relacionamentos, só de Deus, simplesmente por ter me afastado dEle. Me falta inteligência e coragem, me falta agir. Verbo difícil de lidar. São tantos impasses, tantas dúvidas, tantas tristezas.  Me sinto perdida em mim mesma, no meu mundo. Sinto medo das pessoas, da humanidade, da falta de tato, Sinto medo de como as pessoas reagem a opiniões alheias. É como se cada vez que eu falasse esperasse as pedras serem jogadas na minha direção. Não existe mais tolerância, e o medo das pessoas não me tolerarem, me faz criar uma barreira social maior ainda. Me acostumei tanto a ser sozinha que quando convivo com um grupo por um tempo começo a ficar ansiosa, desesperada por fugir, sair, ficar longe e só. Já nem sei mais como fazer. Sinto que todos esperam algo de mim, mas ninguém faz algo para mim. Meus amigos não me ligam pra perguntar se estou bem, não organizam uma festa ou um presente pra mim, não ficam felizes por eu estar de volta. Me sinto como um estorvo e uma chata, tipo aquela amiga chata do grupo. Me sinto assim. Sei que as vezes não ajudo, mas não posso obrigar as pessoas a gostarem de mim. Se elas não gostam com o coração, se elas não confiam, não tem jeito. Sinto a complicação dentro e mim, como se ela, o medo e a solidão me dominassem e eu não soubesse o que fazer. Olho pra todos os lados e não sei pra onde correr, não sei o que fazer, não sei como pedir socorro. Só sei olhar no espelho, chorar e esperar que as lágrimas sequem sozinhas e que a luz se acenda e me mostre o caminho que eu estou seguindo.